Birra de Trump e Biden Presidente nas Eleições Norte-Americanas 2020

Birra de Trump e Biden Presidente nas Eleições Norte-Americanas 2020

O fogo e a fúria extinguiram-se, com um valente sopro democrata. Porém, isto transcende republicanos e democratas. Parece então que a novela americana acabou (ou está mesmo ali no photo finish). Neste momento, se levantarmos os lençóis da penumbra, podemos ver com um resquício de clareza o futuro, pela ranhura da porta universal a que chamamos ‘Verdade’. Ou, pelo menos, é isso que Joe Biden promete no seu discurso de aceitação do cargo, afirmando que governará por todos e reforçando a ideia de que a cooperação e a união são elementos basilares do progresso. Quem diria que é refrescante ver alguém à frente da Casa Branca sem transbordar narcisismo, ódio e mentiras?

Mas isto não era suposto ser um texto de humor? Era e é, se bem que pincelado por reflexões. Por isso preparem-se para a primeira piada, vai ser agora. Cá vai: Donald Trump. Decerto terão esboçado um sorriso, caros leitores, dado que se trata da maior piada (e de menos esforço eheh). Este senhor, assassino de verdades, tem estado ocupado a fazer birra nos últimos dias, tweetando com o Caps Lock ligado, como se tivesse acabado de perder a partida de bingo onde tinha apostado a dentadura. A audácia e o desprezo pela decisão do povo americano e a insistência de que as eleições foram roubadas, são tão inacreditáveis que até são cómicas.

Para alguém cujo lema era tornar a América grandiosa de novo, sinto-me forçado a congratulá-lo, dado que depois disto, qualquer coisa ligeiramente melhor já parecerá grandiosa. Mas não se enganem, as fissuras no sistema de voto provocadas pelo tio Trump estão lá, a dúvida paira nas cabecinhas de muitos (os mesmos dos últimos tempos). As teorias de conspiração abundam numa altura em que não existe um rumo concreto para o mundo, face às dificuldades que enfrentamos enquanto espécie humana. Este ataque à democracia foi (aparentemente) travado e ainda bem. A última coisa que o mundo precisa (notem que talvez não mereça) é uma ditadura nos EUA; a sede de poder e a ausência de uma tentativa de sair de cena com dignidade fazem do senhor Trump um sujeito, no mínimo, peculiar.

O texto está a ficar demasiado sério, ufa! Voltemos a um tom mais leve. Se a ‘Eleição da Década’ for uma titulação ácido base, então estaremos num ponto de viragem. Significa isto que Trump andou a snifar fenolftaleína?

Relembrando o legado de Trump, penso que ele agarrou a economia pela pussy e, verdade seja dita, ele tem um valente e massivo botão nuclear. Isto é notável se tivermos em consideração que ele começou a sua jornada com um pequeno empréstimo de 1 milhão de dólares. Donald Trump é um homem firme e rijo, quase tão compacto como o muro que ele tanto queria construir e mandar o México pagar (parece mentira, mas 2016 lembra-se).

Trump é um demagogo nato; a noção de diplomacia é para ele tão familiar como a minha noção de quem marcou o golo decisivo no Campeonato das Tartarugas sem Carapaça mas com Chuteiras (não existe mas vou patentear, por via das dúvidas). Se algo não agradava ao tio Trump, ele fazia o que eu fazia com as ervilhas quando era um mini puto; descartava como insignificantes ali na beirinha. Tudo são fake news, exceto o que é conveniente. Aí são a mais pura das verdades ou, no pior dos casos, factos alternativos importantes. Desmentir tais dogmas seria sacrilégio; ‘Quer caviar com extra queijo para o jantar, senhor ex-presidente Trump? Sim, hoje parece um camarão e não a abóbora inchada de ontem, senhor ex-presidente Trump. Injetar lixívia se calhar até pode ser uma solução viável, senhor ex-presidente Trump.’ Estará isto relacionado com a titulação ácido base previamente referida? Estarei eu próprio a criar uma teoria da conspiração?

Outro assunto giro é o estado do planeta e as alterações climáticas, negadas pelo tio Trump. Quem quer saber do ambiente quando tínhamos um génio estável como o Trump a exercer funções? Por falar em funções, o homem até tinha pinta para amigalhaços de outros países. Imagino-o a fazer uma churrascada com Kim Jong-Un a virar frangos e o Vladimir Putin a tratar do molho com extra vodka. Que trio maravilhoso!

Mas chega de falar deste bro. A internet nestas alturas não desilude e subscrevo a ideia de que o laranjinha era suspeito e foi ejetado (referência ao Among Us eheh). As eleições americanas são de tal modo mediáticas que eu não podia abrir o Twitter ou o Facebook sem ver bandeirinhas americanas a esvoaçar. Nem parece que vivo num país cuja abstenção tem maioria absoluta. Aliás, nem eu me imaginava a escrever este texto.

Não obstante, mais uma vez, estamos no tal ponto de viragem. As redes sociais encurtaram a distância entre um infoexcluído e um exímio e prolífero analista de política internacional. No episódio 14 do podcast Azar Cósmico, parafraseei Mark Twain quando ele diz que a História não se repete, ela rima. Parece-me que este verso já não rima, esperemos é que não se trate de uma rima interpolada. Em términus, depois do furacão Trump, talvez a calma que Biden aparenta possuir seja precisamente o elemento fulcral para os anos vindouros. Eu sempre achei que o bidé era inútil, mas na realidade ele serve para limpar a trampa.